JESUS CRISTO Realmente existiu? Primeira parte
Primeira parte
Sabemos que a grande maioria dos historiadores sérios, tanto religiosos quanto agnósticos ou ateus, defende que Jesus realmente existiu. No entanto há uma pequena minoria, em geralnão especialistas na análise das fontes bíblicas como documentos históricos, que diz que o personagem Jesus é um mito criado por Paulo de Tarso ou por algum outro membro “fundador” do cristianismo. Ocorre que as afirmações desse grupo, que nega a existência de Jesus Cristo, acabam se tornando deliberadamente ou não, propaganda anticristã.
Nosso objetivo nas próximas semanas é discutir a historicidade de Jesus. Ao fazê-lo devemos nos despir de toda nossa intenção cristã de aceitar Jesus pela fé e pensar unicamente com as ferramentas que dispomos em uma pesquisa científica bem conduzida. A partir de agora vamos tentar esquecer a nossa tendência de usar os fatos históricos para explicar um “deus que se fez homem e habitou entre nós” e imaginar apenas um judeu como outro qualquer, sem nenhuma expressão de poder, nascido em uma aldeia marginal da Judéia.
Com este propósito, Pe. John Meier, doutor em história da Universidade Católica da América, Washington, DC, descreve Jesus como um “judeu marginal”. No sentido amplo da palavra marginal, Meier explica que Jesus deveria mesmo ter passado despercebido na época em que viveu, pelo menos por cinco motivos:
(1) Por mais difícil que seja para os cristãos devotos aceitarem, Jesus foi simplesmente insignificante para a história nacional (judia) e mundial, considerando o que poderia chamar a atençãodos historiadores judeus e pagãos do primeiro século.
(2) Aos olhos dos romanos, Jesus teve a horrível morte dos escravos e piores rebeldes (a cruz); para os judeus, ele caiu na condenação do Deuteronômio 21:23 “o que foi pendurado é maldito de Deus”. Para ambos o julgamento e a execução de Jesus fizeram dele um marginal revoltante de forma que só merecesse o esquecimento.
(3) De certa forma, Jesus mesmo se colocou “a margem”. Provavelmente era um carpinteiro de uma cidade da Baixa Galiléia que, de repente, transformou-se em “andarilho” e desempregado a fim de assumir um “tal” ministério profético. Tanto que, quando volta a sua terra natal para pregar na sinagoga, encontra a descrença e a rejeição.
(4) Embora não tenha frequentado escola de escribas ou estudado com algum professor de renome, Jesus ousou desafiar as doutrinas e práticas religiosas da época em nome de uma autoridade soberana cuja base era “obscura” a seus opositores.
(5) Apesar de suas palavras sábias, seu estilo de viver e ensinar desagradou muita gente e, cada vez mais, era odiado. Quando ocorreu o conflito final, por volta do ano 30 d. C., muito pouca gente, especialmente pessoas influentes, estavam ao seu lado.
Assim, não são justificáveis as alusões daqueles que dizem que faltam registros históricos de Jesus. A maioria dos historiadores concorda, inclusive, que levando em conta a situação de marginalidade que ele viveu, os dados que dispomos (fora dos escritos cristãos) deste homem da palestina, são mais do que suficientes para provar a sua existência.
Obviamente não poderíamos comparar o estudo histórico de um homem simples do povo da Palestina no primeiro século com um imperador ou cônsul romano, ou mesmo um faraó egípcio. A maioria destes personagens tinham escribas para registrar suas andanças ou, eles mesmos, escreviam autobiografias. Alguns deles tiveram registros arqueológicos recuperados por ter se encontrado seus restos mortais ou evidências de sepultamento. A invisibilidade arqueológica de Jesus é notória, não apenas pelos cinco argumentos descritos anteriormente por Meier, mas – também – porque nunca as escavações descobriram um decreto escrito com a sentença assinada por Pôncio Pilatos para a crucificação e, tampouco, jamais se encontrou a tumba de Jesus (aliás, se isso tivesse acontecido, vâ seria a nossa fé).
No próximo post vamos continuar este assunto, conhecendo as fontes que nos permitem estudar o Jesus histórico
Pe. Rafael Pinto
Silvio Prietsch